A ousadia de Gabriel Wickbold

Apaixonado pelo mundo das artes e com experiências que englobam desde a poesia até às artes plásticas, Gabriel Wickbold é um paulistano graduado no curso de Rádio e TV pela FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado) que declara: é extremamente ligado à arte em si, mas foi na fotografia que ele se encontrou.

Hoje ele possui uma carreira renomada com campanhas publicitárias marcadas pela ousadia e trabalhos fotográficos que acumulam retratos de artistas como Adriane Galisteu, Maria Gadu, Barão Vermelho e Marcelo Tas, mas nem sempre foi assim… Wickbold, por meio dessa entrevista dada ao Blog Venturarte, contou um pouco sobre a trajetória do seu trabalho no ramo para o qual se dedica, dos seus projetos e falou um pouquinho sobre os efeitos da fotografia na sua vida.

Gabriel começou contando que a arte surgiu na sua vida devido a uma necessidade de expressar os seus sentimentos e de colocar para fora aquilo que ele realmente pensa e sente. “Comecei muito cedo! Escrevi um livro de poesias infantis quando eu tinha 12 anos e depois tive varias bandas e gravei alguns discos.” A música e a poesia, no entanto, não o deixaram satisfeito. Depois de algum tempo procurando, em meio à música, elementos que o expressassem de verdade, ele encontrou seu verdadeiro “lar” em outro segmento: “Só com a fotografia senti que estava completo e  que a mensagem chegava ao espectador de forma completa. Foi a partir daí que vi que meu trabalho tinha uma característica outstanding! O trabalho falava por si só, antes [na música] eu via vários artistas com essa qualidade… Tive que transitar por todas as outras mídias pra entender que era na fotografia que estava o meu lugar” afirmou Wickbold.

A mudança da música para a fotografia foi gradativa, mas inegavelmente rápida. Durante a gravação de um disco da sua banda, Gabriel ficou cansado daquele ambiente e de todo o mercado que envolve o mundo musical, aí decidiu sair numa espécie de expedição: durante 30 dias ele viajou por 10 mil km no interior dos estados da Bahia, Minas Gerais e Pernambuco e dessa aventura na estrada, surgiu um projeto fotográfico inusitado, a série Brasileiros. “Quando voltei com esse trabalho em mãos mostrei pra alguns amigos fotógrafos e todos ficaram muito impressionados com o resultado, então eu decidi entrar de cabeça no mundo da foto e montei um estúdio. Quando o equipamento chegou, eu nunca tinha feito uma foto com flash na vida! Foi uma aventura descobrir como tudo funcionava e aprender na raça que esse mundo da fotografia não tem regras, pois existem mil formas de se obter a mesma imagem” contou o fotógrafo. Ele também disse que essa série, por ser a primeira, foi uma verdadeira escola para ele. “Essa serie foi a minha escola na fotografia… Foi onde eu aprendi a dirigir pessoas que nunca estiveram diante de uma câmera, a trabalhar muito com o inusitado e a descobrir imagens de uma forma muito dinâmica dentro de cenários bem hostis. Eu voltei dessa viagem pronto pra encarar qualquer foto”.

Considerando que o fotógrafo não tem uma graduação especificamente voltada à imagem como outros profissionais da área fotográfica, Gabriel passou a considerar esse fato até mesmo como um diferencial para o seu trabalho, pois ele diz que a falta de técnica acabou lhe dando liberdade para as suas próprias ideias. “Eu acho que não ter estudado com ninguém fortaleceu o conceito de fazer as coisas do meu jeito. Isso ajudou na minha assinatura e também a me libertar de qualquer padrão. A faculdade [de rádio e TV] me ensinou mais sobre o universo da produção e da direção e também a trabalhar em equipe e a dirigir atores (que é praticamente a mesma coisa que dirigir modelos)” relatou Gabriel.

Nesse sentido, as produções de Wickbold são mundialmente conhecidas por ousarem, inovarem e proporem uma ideia de fotografia sem limites. Séries como “sexual color” – que começou quando Gabriel foi fotografar um amigo DJ e resolveu, literalmente, ‘jogar’ tinta e fotografar – ganharam o mundo e, com isso, vieram convites para que o fotógrafo (que hoje tem 4 anos de experiência no ramo) se dedicasse também à campanhas publicitárias. A título de exemplo, têm-se as campanhas da grife paranaense Pura Mania, que desde 2010 conta com a mescla dos projetos do fotógrafo com a ideia de moda irreverente proposta pela marca.
(Clique nas imagens para ampliá-las)

Sobre os seus projetos em geral (hoje o seu portfólio conta com: sexual color, naive, brasileiros, animals e sexxfashion), Wickbold disse: “Eu gosto de iniciar um projeto atual a partir do desenvolvimento de uma técnica, uma imagem inesperada onde o espectador se pergunta como ele fez isso. Todas as series nascem assim… A partir dessa imagem eu construo um discurso e inicio uma pesquisa pra me aprofundar no tema no universo que a serie propõe”.

A respeito do sucesso do seu trabalho, Gabriel foi um tanto quanto modesto. “Eu acho que o que mais encanta as pessoas é a simplicidade nas ideias. Para mim as grandes ideias são as mais simples, quando as pessoas veem e falam ‘como eu não pensei nisso antes?’. ”

Todavia,  mesmo não tendo uma técnica específica para os seus projetos, a dificuldade existe, pois o desafio de lidar com a fotografia em si não é fácil. “Eu acho que o que mais desgasta o processo de tornar uma ideia simples e compreensível a qualquer publico, compor uma arte que encante os olhos e converse com pessoas das mais diversas formações e classes sociais” explicou o fotógrafo.

Para finalizar o bate-papo com Gabriel Wickbold, o Blog Venturarte fez uma pergunta inocente, mas um tanto quanto complexa: o que é fotografia para ele? A resposta foi clara: “a fotografia é um encontro, uma descoberta, uma forma de comunicação e protesto! Fotografia é liberdade, é o prazer de conhecer pessoas incríveis todos os dias!” contou o artista.

Depois desses relatos e histórias, fica ainda mais difícil não se apaixonar – ou simplesmente se impressionar – com o trabalho de Gabriel Wickbold. Conheça agora um pouco mais dos seus projetos:

Para saber mais, acesse o portfólio do fotógrafo e, é claro, curta a página do blog venturarte!